quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Gestão de Riscos em Agronegócios

            A competitividade no agronegócio e a crise dos últimos anos vem preocupando as cooperativas de produção, fazendo com que busquem novos mercados, refaçam planejamentos estratégicos, moldem-se a novos nichos e demandas, bem como acompanhem as tendências para não serem surpreendidas com os devaneios do mercado. Essa preocupação, busca de dados e conhecimentos, faz com que os gestores e os próprios produtores tenham discernimento de como devem operar no novo sistema e passem a familiarizar-se com os termos técnicos agora em voga.

            Em face das constantes oscilações de preço, do dólar, dos preços de produtos e insumos, as cooperativas agroindustriais e os agricultores de modo geral, além de problemas de intempéries, falta de recursos financeiros por parte dos bancos estatais e mesmo os privados atualmente, operam em um mercado de alto risco, porque estão sujeitos aos caprichos de vários fatores que interferem diretamente na sua produção, preço, serviço e mercado consumidor.
           
            Para não correr riscos o produtor e a cooperativa precisam ser mais competitivos, cortando custos (reduzindo desperdícios), despesas, diversificando, criando diferencial, operando em larga escala, sacrificando lucros, tornando-se mais eficiente e se assegurando de que o valor a receber realmente remunere a produção com certa margem.

Assim, aprendem que derivativos são instrumentos financeiros “cujo preço deriva conforme o preço de outro ativo, o ativo subjacente. Esses instrumentos são formalizados a partir de contratos no qual uma parte efetua uma compra e a outra parte efetua uma venda de determinado ativo por preço e quantidade pré-estabelecidos para liquidação em data futura” (HULL, John C. Fundamentos dos Mercados Futuros e de Opções. São Paulo: Bolsa de Mercadorias e Futuros, 2005).

Para determinar um certo lucro, o agricultor trava seu preço de venda por meio de operações de hedge, ficando garantida a margem por ocasião da colheita. Trata-se de uma operação de futuro para poupá-lo dos riscos das oscilações de mercado.
Assim, através das operações de hedge na bolsa, os produtores vendem seus produtos com lucro antes da colheita, protegendo-se assim das variações no preço à vista do produto (SCHOUCHANA, Féliz. Introdução ao Mercados Futuros e de Opções Agropecuárias no Brasil. São Paulo: Bolsa de Mercadorias e Futuros, 2000).

Derivativos Financeiros são proteções para empresas contra oscilações futuras de preços.

Risco de mercado é a perda potencial resultantes de variações relativas aos preços, taxas, índices e juros. O valor de mercado normalmente é calculado levando-se em conta o fluxo de caixa e as variações de preços e taxas de juros.

A meta Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é uma ferramenta da política monetária utilizada para lastrear os rendimentos dos títulos públicos federais emitidos pelo Tesouro Nacional.
O Copom quem define a taxa de juros pertinente ao combate da inflação e taxa de remuneração de credores.
A taxa Selic origina-se do mercado financeiro, pois é quem faz as previsões de liquidez determinados pela economia do país, em face dos indicadores respectivos.
No inglês hedge significa cobertura, tendo por objetivo proteger as operações financeiras dos riscos de variações de preços de ativo determinado, assumindo uma posição de compra ou de venda. Não se trata de obter lucro, mas de uma trava no preço.

Por Mercados futuros se compreende a negociação, em Bolsa, de contratos futuros financeiros, como dólar, Ibovespa e agropecuários, como boi gordo, café, milho, soja e etanol.

Subvenção ao prêmio é um benefício concedido pelo órgão governamental do Ministério da Agricultura em favor do agricultor, tornando o seguro rural de mais fácil acesso, criando um programa para segurar a produção com preço mais reduzido.

A subvenção econômica é solicitada por qualquer pessoa física ou jurídica que produza ou cultive espécies contempladas pelo Programa dentro das áreas de zoneamento agrícola e permite ainda, a complementação dos valores por subvenções concedidas por Estados e municípios.

Para contratar o seguro rural, o produtor deve procurar uma seguradora habilitada pelo Ministério da Agricultura no Programa de Subvenção. Caso o produtor já tenha cobertura do Proagro ou do Proagro Mais para uma lavoura, o mesmo não será beneficiado pelo PSR na mesma área.

Diferencial de base na pecuária é a diferença entre o valor do indicador ESALQ/BM&F (indicador referente aos preços praticados à vista no Estado de SP) entre os preços praticados nas outras praças pesquisadas fora do Estado, ou seja, é o desconto no preço da arroba fora do Estado de São Paulo

Transferência de risco é uma operação consistente na transferência a terceiros de um grupo de ativos, a fim de a removê-los do balanço da instituição transferidora dos ativos, tornando-a imune ao risco de crédito destes. A transferência de risco opera-se por meio de uma   cessão definitiva dos ativos da instituição transferidora, cedente, para a instituição receptora dos riscos, entidade emissora. A transferência realiza-se por meio do isolamento de ativos de forma a removê-los do balanço do originador e torná-los imunes ao risco de crédito do mesmo.   

Os custos de carregamento referem-se aos custos de manuseamento, armazenamento e manutenção de stocks  

Por zoneamento agrícola entende-se um instrumento de política agrícola e gestão de riscos destinados a minimizar os riscos decorrentes de fatores climáticos, definindo em cada município a melhor época de plantio e colheita de culturas, levando-se em conta os diversos ciclos de cultivares e tipos de solos. Somente fazem jus ao Proagro os agricultores que fazem uso do pacote tecnológico recomendado na área do zoneamento agrícola específico.

Volatilidade é uma medida de risco. Quanto maior a variação num determinado período maior o risco.  Trata-se de um medidor de dispersão dos retornos de um título no mercado.

A Margem de Garantia é um valor que deve ser depositado antecipadamente no mercado futuro, como exigência da corretora de valores, servindo de garantia na bolsa enquanto opera no mercado.

A análise de cenários macroeconômicos faz com que a oscilação de preços da maioria das commodities já tenham sido previstas pelas cooperativas de produção e os riscos reduzidos, porém a variação depende de vários outros fatores, de forma que aos produtores resta travar o preço por meio de hedge ou contrato de venda futura, para assegurar que o seu produto consiga pagar seus custos e alcançar determinada lucratividade com o investimento na produção.

Dentre os riscos sofridos pelos agricultores podem ser citados: a)  os diretos do produto, por fatores climáticos (estiagem, intempéries, geadas, chuvas excessivas), pragas ou infestações; b) os de liquidez, quando o produtor utiliza capital de terceiros, normalmente financiando em instituições financeiras, precisa estar atento às taxas de juros, prazos de pagamento, se a sua produção alcançará realmente os valores investidos; c) os operacionais, ou seja, perdas decorrentes da própria produção (colheita mal sucedida, por falhas ocorridas durante o processo produtivo, como na semeadura, na adubação, preparo inadequado do solo, no tempo e no descontrole de plantio e colheita, etc.); d) de mercado, quando por ocasião da venda, há excesso de oferta, e o preço cai substancialmente, não cobrindo os custos de produção.

A operação de hedge novamente pode ser a solução do produtor para garantir valor desejado para evitar prejuízos maiores, com o travamento anterior do preço, minimizando o risco.

            Para garantir-se que não corre risco de prejuízo o investidor (produtor) deve calcular pormenorizadamente todos os seus custos de produção, o capital investido, e a rentabilidade que deseja, para ter os números corretos para travamento de preço adequado às suas expectativas.

            Ao produtor é interessante utilizar-se de derivativo de balcão, pois as instituições financeiras estão sempre melhor equipadas para dar-lhe maior segurança no investimento os contratos são flexíveis, sem ajustes diários, sem corretagem, sem aporte de garantia, podendo ser negociados vencimentos e valores. Para operar a bolsa o investidor precisa estar atento diariamente ao mercado, por terem ajustes diários, o que dificulta o agricultor, além disso os contratos são patronizados, com vencimentos definidos, e ainda tem o custo da corretagem e se exige margens de garantia.  O ambiente de contratação do derivativo no mercado de balcão ocorre em instituição financeira enquanto o do mercado de bolsa deve ser feita na BMF Bovespa.

            Conquanto nenhum serviço seja gratuito, tanto no mercado de bolsa quanto no de balcão, a verdade é que pela flexibilidade (possibilidade de negociação), o balcão se mostra mais maleável e permite a discussão. Evidentemente, tudo vai depender da quantidade e valores negociados, mas ainda assim, pelo ajuste somente no vencimento, tem se revelado mais atraente ao produtor rural.

            Base é a diferença entre o preço de uma commodity no mercado físico e a cotação para a mesma commodity no mercado futuro (MARQUES, P.V.; MELLO, P.C. Mercados futuros de commodities agropecuários: Exemplos e Aplicações aos Mercados Brasileiros. São Paulo: Bolsa de Mercadorias & Futuros, 1999).  Ou seja, é a diferença do preço à vista atual e o preço futuro na data do vencimento do contrato.

            Assim, por exemplo, se for um hedge de venda em havendo enfraquecimento de base num contrato futuro de commodity significa que o retorno é negativo, se, no entanto, ela se fortaleceu (aumentou a base), o retorno passa a ser positivo. O oposto se dá no hedge de compra nesse caso.

            Tanto no contrato a termo (compra ou venda de ativo com preço pago no vencimento e entrega de bem, negociado em balcão de instituição financeira, são intransferíveis) quanto no contrato de futuro em bolsa (ativo determinado com preço predefinido, ajustes diários, qualidade e quantidade determinados) há o risco, pois, o prazo de vencimento já está definido, a diferença é que na bolsa podem ser feitos ajustes diários, mas se prejuízo houver o montante dependerá dos contratos negociados.

            O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) delimita o PROAGRO  para as culturas previstas dentro da Área de Zoneamento Agrícola de determinada região. O Proagro somente é concedido dentro dos limites dessa área mediante laudo técnico comprobatório das perdas, em caso tenham sido aplicados os insumos necessários na época certa com notas fiscais correspondentes de aquisição dos produtos.

            A contratação de seguro agrícola, assim, em áreas fora das delimitações do MAPA (Área de Zoneamento Agrícola) constituem-se em uma forma de assegurar-se contra os riscos inerentes à produção agrícola.

            A cédula de produto rural (CPR) é um documento que contém uma promessa de entrega de determinado produto rural, em qualidade e quantidade determinada, a ser emitida por produtores rurais. Liquida-se com a entrega física da produção. A CPR é uma operação de crédito (pois utilizada para financiar os insumos do plantio), mas não é derivativo, embora sirva para proteção do preço, uma vez que o valor é definido no momento da emissão, mediante acordo entre as partes contratantes.

            Custo de oportunidade é o de aquisição física da mercadoria ou de não vender, enquanto o custo de carregamento engloba todos os custos destinados a manter o estoque físico da mercadoria (custo de oportunidade, seguro, transporte, armazenagem, etc.) até a entrega futura no vencimento.


            Nos contratos futuros é possível estabelecer o ativo a ser entregue, local de entrega, a quem entregar, data e forma, gerando maior liquidez, pois tem a oportunidade de customizar o seu ativo, em contrato flexível, tanto para entrega a uma cooperativa como para uma outra empresa.

Jonas Keiti Kondo

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O RECADO DAS URNAS

O RECADO DAS URNAS
Jonas Keiti Kondo

         O homem não pode perder a esperança: “É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver” (Gabriel Garcia Marquez).

         A diplomação dos eleitos mostrou que a nova fórmula da justiça eleitoral, em relação à campanha, trouxe novo alento aos candidatos sem recursos financeiros, pois de alguma forma, igualou mais a disputa e todos tiveram a mesma chance de captação de votos.

         A eleição, tanto a nível local, regional, estadual ou nacional, revelou que o eleitor busca mudanças e mormente que não está nada satisfeito com o atual estado de coisas e nem acredita que os atuais dirigentes possam, de alguma forma, dar conteúdo a seus anseios.

         A necessidade de mudanças tanto do eleito quanto do legislador deve ser a prioridade nessa nova gestão. Não perceber o desejo de mudanças levará todo o processo eleitoral à estagnação, à rejeição dos eleitores e ao povo novamente nas ruas...

         As constantes denúncias de irregularidades são a tônica de que o eleitorado e o Ministério Público estão atentos à gestão dos seus mandatários. 

         É preciso que o eleito efetive esse sonho de transformação buscado pelo povo. Não fique inerte. Aja!

         Lembrar sempre que “o sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis” (José de Alencar).


         Por isso, se deve lutar com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante (conforme Augusto Branco). 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

GESTÃO FINANCEIRA

GESTÃO FINANCEIRA
JONAS KEITI KONDO

            Para se compreender a gestão financeira, faz-se necessário interpretar alguns termos empregados por essa área.

            O Indicador financeiro é o instrumento pelo qual se pode mensurar e ter noção do faturamento bruto, do líquido, da rentabilidade, da lucratividade, dos custos médios e fixos, ebitda,  da margem operacional, da liquidez financeira, investimento e retorno, e das dívidas pendentes de uma empresa. "Uma gestão bem afinada conjugada com um planejamento estratégico bem direcionado serão componentes fundamentais para uma gestão de sucesso, permitindo assim atingir um de seus principais objetivos, que é agregar valor aos stakeholders" (Pedro Salanek Fº, Gestão Financeira).

            Lucratividade é um indicador de eficiência operacional,  sendo resultado da divisão do lucro líquido pela receita bruta, multiplicado por 100. "Para que essa gestão seja eficaz, o profissional responsável (gestor financeiro) terá a responsabilidade de controlar estes recursos, buscando as melhores opções e tomando as decisões mais oportunas para remunerar, da melhor forma possível, o capital aplicado" (idem, ibidem).

            A rentabilidade é obtida pela capacidade do estoque investido gerar lucro,  resultando da divisão do lucro líquido pelo investimento total, multiplicado por 100.

            O orçamento de uma empresa é o planejamento antecipado de receitas e despesas, compreendendo cálculo abstrato e especulativo dos gastos para determinado serviço, obra ou produto a ser realizado.

            Enquanto o investimento é a aplicação do capital em meios de produção ou especulativo no intuito de obter um retorno financeiro maior.

            Quando se fala em custo refere-se ao valor pago para a aquisição de um determinado bem (produto ou serviço). Custos são os gastos necessários para a industrialização ou comercialização de determinado produto. As despesas são os gastos administrativos e de venda do produto.

            O rateio é a distribuição proporcional dos recursos com os custos envolvidos.

            E a  margem de contribuição é o resultado da dedução de despesas e custos variáveis  do valor da venda do produto.

            O capital de giro é o recurso necessário para manter o fluxo de caixa da empresa (para comprar produtos, pagar funcionários, despesas, manutenção, etc.). Ciclo financeiro é  o interregno entre a compra do fornecedor e o recebimento da venda do produto, ou seja, o tempo em que o dinheiro saiu da circulação da empresa até o seu efetivo retorno.

            O balanço é a demonstração contábil de determinado exercício financeiro da empresa em detalhes.

            O orçamento base zero (OBZ) é o que visa priorização de recursos, sem computar as bases históricas. Serve para determinar e planejar os cortes de despesas e custos e escolher os necessários para o funcionamento. Na copagra, o OBZ pode ser aplicado baseando-se nos custos e despesas previstas para os exercícios seguintes, enquadrando-se nas probabilidades de demanda e expectativa de faturamento, sem observar dados retrospectivos.

            Empresa geradora de fluxo de caixa é aquela que possui entrada normal de recursos financeiros, gerando saúde financeira. Ocorre quando o prazo médico de recebimentos é menor do aquele destinado ao de pagamentos.

            Para calcular-se o lucro, p.ex.,  de 20% sobre o valor de um custo de 100, usa-se a fórmula: preço de venda = custo, dividido por 1, menos percentual de lucro (1 - % de lucro), daí, resultando: 100/1-0,20 = 100/0,80 = 125. Preço de venda = R$ 125,00.
            Uma das possibilidades de aumento de capital de giro é a venda à vista, cuja sistemática foi adotada pelos autopostos da Copagra desde outubro do ano passado. O ingresso de dinheiro novo também é outra alternativa; melhoria de margem de contribuição; A desimobilização é o meio mais rápido de se obter o CDG; o alongamento de dívidas.

            A NCDG (Necessidade de Capital de Giro) está relacionada com o fluxo de caixa da empresa, a estrutura de capital, ou seja, o total de recursos exigidos para cumprir sua demanda no curto, médio e longo prazo, e quando esse ciclo se estende por tempo maior  automaticamente aumenta essa exigência, por isso toda empresa deve trabalhar no sentido de reduzir esse ciclo, diminuindo a necessidade, procedendo-se a redução de estoque (laborando com pouco estoque, que significa capital empatado parado), aumentando valor à pagar.
            Quanto maior o ciclo financeiro de uma empresa maior a necessidade de capital de giro, uma vez que há maior descasamento entre a entrada e a saída de recursos.
            A necessidade de capital para pagamento de operações imediatas leva a empresa a buscar empréstimos de curto prazo. "Gerar caixa é fazer com que o negócio viabilize e que a proposta para a qual a empresa foi criada, venda de produtos e serviços, seja de fato consumida pelos clientes." (Pedro Salanek Fº, ibidem)

            Balanço patrimonial é destinado a apresentar a demonstração contábil, financeira e econômica da empresa. O balanço sempre dá a dimensão correta da situação financeira da empresas (ativo e passivo; receitas e despesas; margem bruta e líquida; despesas administrativas, operacionais e técnicas; indicadores de recebimento/pagamentos; o DRE) no curto e longo prazo; se falta liquidez; se o resultado foi negativo ou baixo e se o preço de venda cobre os custos e despesas financeiras.

            O VPL é o valor presente líquido e a TIR a taxa interna de retorno. Para a avaliação de investimentos e sua viabilidade econômica, verifica-se a aplicação de recursos de longo prazo com o retorno mais favorável em tempo menor.  O VPL refere-se ao valor do dinheiro no tempo. Entradas e saídas são consideradas em expressão monetária atual. A técnica desconta os fluxos de caixa a uma taxa específica, denominada de taxa de desconto, custo de capital ou de  oportunidade. VPF > 0 = aceitação de projeto; VPF , que zero = rejeição. "Os principais modelos de custeio que são utilizados pelas empresas para apuração de custos são: os custeio por absorção, o custeio direito/variável, custeio por seções (centros de custos) e o custeio baseado em atividades" (Pedro Salanek Fº, ibidem). Os centros de custos possui as finalidades de "a) facilitar a apuração dos gastos relacionados com o trabalho realizado em cada setor, facilitando, posteriormente, a sua apropriação por produto; b) caracterizar a responsabilidade pelos gastos ocorridos em cada setor" (, idem, ibidem). 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

GESTÃO DE PROJETOS

GESTÃO DE PROJETOS
    
 "Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo" (PMBOK Guide, 5a. ed.). Projeto, em sua origem vocabular, tem o significado de lançado adiante (o projétil, do latim: projectu). Na linguagem arquitetônica tem o sentido de design.

Porém, no âmbito de negócios, é o esboço, o desígnio, o empreendimento, ou 
 o  planejamento com o qual se pretende desenvolver  ou realizar alguma coisa. É algo, por conseguinte, temporário e com objetivo definido.
Gerenciar um projeto é administrar com os conhecimentos e técnicas, para elaborar dentro de certo prazo, observando custo e qualidade, as atividades necessárias para o desempenho dos recursos humanos e técnicos na realizar uma ação ou atividade. Na opinião de Peter Drucker (1909-2005), "gerenciamento é substituir músculos por pensamentos, folclore e superstição por conhecimento, e força por cooperação".
            Stakeholders são todas as pessoas envolvidas num projeto, isto é, as pessoas interessadas, o sponsor (patrocinador), os fornecedores, a equipe encarregada do projeto, a diretoria e conselho da empresa que participa do projeto, enfim, qualquer pessoa ou empresa que é afetado pelo projeto.
            Sponsor é o patrocinador do projeto, quem lhe dá o apoio (financeiro e moral) para a sua concretização.
            Em projetos, programa pode ser entendido como um conjunto de projetos interligados ou inter-relacionados destinados a determinada finalidade, a serem aplicados conjuntamente para atingir mais rápido o objetivo.
            E portfólio é a associação dos diversos projetos e programas aos objetivos estratégicos da empresa,  contemplando as áreas de segurança, inovação e suporte, para o devido alinhamento.
            "O Termo de Abertura do Projeto (TAP) ou Project Charter é o documento que autoriza formalmente um projeto, é ele que concede ao gerente de projetos a autoridade para aplicar os recursos organizacionais nas atividades do projeto. O gerente de projetos sempre deve ser designado antes do início do planejamento e, de preferência, enquanto o termo de abertura do projeto estiver sendo desenvolvido. Os métodos de seleção de projetos envolvem a medição do valor ou da atração para o proprietário ou patrocinador do projeto e podem incluir outros critérios de decisão organizacionais. A seleção de projetos também se aplica à escolha de formas alternativas de executar o projeto." (PMBOK, Project Management Body of Knowledge , 4a. edição).
            O que são áreas do conhecimento?  Trata-se de uma concepção utilizada para dimensionar as diversas áreas do projeto, compreendendo a gestão da integração de projetos, do tempo, dos custos, do objetivo, da qualidade, dos riscos  e dos recursos humanos necessários
            Grupos de projetos são os processos que facilitam a autorização formal de início ou de fase do projeto.
            E o  que significa EAP  em termos de projeto? É a Estrutura Analítica de Processo, ou seja,  é uma ferramenta que permite visualizar a estruturação formal de um projeto.
            Um escopo do produto está direcionado  às características funcionais do produto ou serviço ou até mesmo resultado exclusivo, para produto ser diferenciado.
            O escopo do projeto, a seu turno, refere-se aos trabalhos necessários a serem realizados para garantir a entrega de um serviço, produto ou mesmo resultado, nas funções e características predeterminadas.
            Qual é o caminho crítico de um projeto?  É uma atividade sequencial a ser terminada no tempo determinado para que seja concluída até a data final estabelecida no projeto.
            Dentro dos projetos o risco é o "evento ou condição incerta que, se ocorrer, terá um efeito positivo ou negativo sobre pelo menos um objectivo do projecto, como tempo, custo, âmbito ou qualidade – PMI",( PMBOK Guide 2004, pag. 238);
            Risco, também pode ser relacionado a determinado evento ou conjunto de circunstâncias que, ao ocorrerem, terão efeito sobre a concretização dos objetivos do projeto – APM (1997, pág.16);
            A Análise de valor agregado permite ao gerente do projeto avaliar a eficácia do seu projeto, mediante controle de custos (IDC - índice de desempenho de custos) e tempo (IDP - índice de desempenho de prazos).  A característica justamente do projeto é a individualidade (não se repete, ele se destina especificamente a um fim determinado), a temporariedade (início e final definidos), a incerteza (não se conhece ainda as consequências) e a complexidade (conjunto de coisas).
            O que envolve o gerenciamento de um projeto? A gestão de atividades temporárias destinada a produzir bem, serviço ou produto, observando 7 passos: metodologia, comunicação, escopo, stakeholders, monitoramente de riscos, definição de prazo (início e final) e cronograma de execução. Já o processo envolve 5 etapas: um início, o planejamento,  a execução, o monitoramento e controle e o encerramento final do projeto.
            No mínimo deve se observar as seguintes competências para gerir um projeto: liderança, comunicação, organização, atitude (especialmente diante de risco, com decisão assertiva e acertada), perseverança, poder de negociação e de gerenciamento de crise.
            A organização é necessária para que o líder possa gerenciar vários projetos ao mesmo tempo, ainda que destinados à mesma finalidade. Organizar significa fixar as bases, diretrizes, estabelecer prazos e montar a equipe estruturada para auxiliar na tomada de decisões.
            Há várias ferramentas e técnicas que podem ser utilizadas para a elaboração de um projeto tais como: opinião abalizada (parecer de especialista em área determinada de conhecimento); reuniões em grupos ou pessoas envolvidas no projeto (brainstorming, etc.); análise de documentos e dados; benchmarking; entrevistas; diagramas contextuais; pesquisas; análises de produtos; etc.
            Por que é importante entender o objetivo, resultados e benefícios que um projeto entregará? Porque quanto mais se especifica maior compreensão se tem do que se tem do escopo.
            Três áreas do conhecimento são muito importantes para o Plano de Gerenciamento do Projeto, que são: 1) Gerência do Escopo, para que seja garantida a inclusão de todo o trabalho necessário e da forma solicitada para terminar satisfatoriamente. Aqui ficam estabelecidos o início do projeto, o planejamento, definição a verificação e o controle de todo o escopo. 2) Gerência do Tempo, pois todo projeto tem um tempo definido e é preciso conclusão no prazo azado dentro do cronograma previamente fixado, definindo-se o tempo, sequencia e estimativa de cada atividade.   3) Gerencia de Custo, é importante que o orçamento seja respeitado, por isso é preciso planejamento e controle dos gastos.
            Para um planejamento eficaz de uma gestão estratégica de uma empresa, a utilização  do recurso do 5W2H é uma poderosa ferramenta. Por que? Porque com essa ferramenta organiza-se e avalia-se todas as possibilidades negativas e positivas, inclusive possibilidades, em relação às ações estratégicas. A técnica 5W2H: Why (por que)? A necessidade do projeto. Who (quem)? As partes envolvidas (stakeholders), sponsor, gerente, equipe, cliente, fornecedores. When (quando)? Prazo de início e conclusão. Where (onde)? abrangência do projeto. What (o que)? Objetivos, benefícios, restrições, premissas e resultados. How (como)? (escopo do projeto) How Much(quanto)? (orçamento a investir).
Planejar riscos significa prevenir-se de prováveis acontecimentos, catástrofes, riscos, que possam dificultar ou impedir determinados procedimentos, as possíveis soluções, ou seja, a descrição de medidas a serem tomadas para a continuação do projeto até a sua conclusão. Já plano de contingência busca definir as responsabilidades para capacitação, orientação e treinamentos indispensáveis para suprir eventuais irregularidades.
Na área do conhecimento, o PMI apresenta algumas técnicas para estimativa de custos, que devem ser considerados: o parecer de especialista (resultantes de profissionais especializados que já realizaram projetos análogos), fazer estimativa de projeto semelhante  (utiliza-se de estimativa de projetos similares existentes); a estimativa parametrizada  (utiliza-se de dados históricos e parâmetros precisos, estimando-se o custo total do projeto) e a estimativa bottom up (afigura-se como melhor solução porque calcula com maior detalhamento item por item  cada trabalho de baixo para cima, por pacotes em que há soma de todas os custos).
A EAP é uma ferramenta utilizada para  subdividir em partes menores com a intenção de facilitar o entendimento e o controle do projeto. Assim, primeiro se faz a decomposição em diversas partes, estabelecendo o responsável, prazo de entrega, custos. Em seguida faz-se o planejamento das entregas, detalhamento, utilização de modelos e cuidando para que o custo do planejamento não seja maior do que o custo das tarefas.
A  identificação do caminho crítico ajuda na gestão do cronograma em um projeto: caminho crítico (do inglês CPM - Critical Path Method).
"Matematicamente, uma tarefa é crítica quando o tempo mais cedo da tarefa é igual ao tempo mais tarde que a tarefa pode ter sem alterar a data final do projeto. O valor do tempo mais cedo (Time Earlier) e do tempo mais tarde (Time Later) pode ser calculado através do diagrama de Rede AON (Activity on nodes).
O caminho crítico é a sequência de atividades que devem ser concluídas nas datas programadas para que o projeto possa ser concluído dentro do prazo final. Se o prazo final for excedido, é porque no mínimo uma das atividades do caminho crítico não foi concluída na data programada. É importante entender a sequência do caminho crítico para saber onde você tem e onde você não tem flexibilidade. Por exemplo, você poderá ter uma série de atividades que foram concluídas com atraso, no entanto, o projeto como um todo ainda será concluído dentro do prazo, porque estas atividades não se encontravam no caminho crítico. Por outro lado, se o seu projeto está atrasado, e você alocar recursos adicionais em atividades que não estão no caminho crítico não fará com que o projeto termine mais cedo.
O caminho critico (CPM - Critical Path Method) é um dos vários métodos de análise de planeamento de projetos. O CPM está diretamente ligado no planejamento do tempo, com o objetivo de minimizar o tempo da duração total do projeto. As atividades ou tarefas críticas definem assim o caminho crítico, ou seja, revela a sequência de tarefas que condicionam a duração total do projeto. Com isto, fornece também informação útil para que com isso se possa elaborar um projeto atendendo aos recursos necessários em função das restrições aliadas às tarefas críticas, conseguindo então uma equilibrada gestão de recursos por todo o projeto ( TAVARES, L. Valadares; OLIVEIRA, Rui Carvalho; THEMIDO, Isabel Hall; CORREIA, F. Nunes - Investigação Operacional. Nova Iorque: McGraw Hill, 1996. ISBN 972-8298-08-0.)
Para o devido acompanhamento do projeto é preciso monitoramento e controle. Monitorar é acompanhar e analisar o projeto por intermédio de dados e informações sobre o seu desenvolvimento, para que se possa detectar problemas e solucioná-los o mais rápido possível. Por meio do controle se consegue reduzir ao máximo  eventuais diferenças entre o planejado e o resultado efetivo.
Valor agregado é um método utilizado para mensurar eficiência e desempenho de custos e prazos, ou para comparar o desempenho e o progresso relativo ao valor do custo (estimado e real)  e prazo. São três os parâmetros utilizados para o planejamento de custos: VP (valor planejado de custo), representando o valor base por ser o custo inicial do projeto; VA (valor agregado, quanto foi realizado dentro do custo planejado), concernente ao valor entregue ou custo realizado até a análise; CR (custo real x quanto foi realizado), pertinente a tudo que foi gasto até aquele momento.
IDC = índice de desenvolvimento de custos. IDC = VA/CR (valor agregado dividido por custo real).
IDP = índice de desenvolvimento de prazos. IDP = VA/VP (valor agregado dividido por valor presente ou planejado).  Utilizado para verificação do andamento do cronograma.
A variação de custos se negativa significa que está acima do orçamento, se positiva está abaixo do orçado.
A variação de prazos se negativa está atrasado em relação ao planejado, se positiva está adiantado em relação ao cronograma.
O IDC mostra quantos reais de ganho se percebe por cada real gasto.
E o IDP equivale a quantos percentuais pode se estar progredindo em relação ao tempo planejado.
Um projeto com valor agregado importa na entrega do valor orçado ao projeto solicitado dentro do prazo determinado. Três dimensões essenciais fazem parte do contexto: escopo, custo e tempo.  E orienta o gestor no controle de gastos e tempo, permitindo medidas corretivas.

JONAS KEITI KONDO

segunda-feira, 18 de julho de 2016

GESTÃO DA INOVAÇÃO

         Hodiernamente é comum as empresas buscarem a inovação como fator competitivo, para alavancar vendas, para estruturar e melhorar o desempenho, enfim, para criar suporte para a sustentabilidade.

         Uma empresa inovadora é uma  empresa sustentável, porque é uma organização de sucesso!

         Qual a diferença entre criatividade e inovação?

         Criatividade é a imaginação, a inventividade, o talento ou a inteligência no desenvolvimento ou na  criação de meio ou forma de fazer alguma coisa, pensando de maneira diferenciada do corriqueiro. Não se trata necessariamente de criar algo novo, mas de fazer mais rápido, mais eficiente, com menor custo, mais qualidade, ou simplesmente de modo diferente do normal. "O segredo da criatividade está em abrir a mente para as possibilidades infinitas" (Albert Einstein). No ambiente empresarial são considerados criativos os colaboradores que introduzem mecanismos para minorar custos, melhorar qualidade e aumentar vendas, produzindo mais lucros, normalmente simplesmente melhorando o que já existe. No campo empresarial, por conseguinte, criatividade é criar diferenciação para gerar mais lucros.  A criatividade exige uma etapa de oportunidade (ambiente propício), outra de preparação (o conhecimento e o treinamento), a de opções (estudos para convergência), a da incubação e a de seleção da melhor opção. 

         Inovação, por outro lado, é introduzir alguma novidade impactante de processo, de modelo de negócio, de ferramentas, de serviços, de estratégias ou de produto, habitualmente resultando em sucesso e lucratividade dentro da empresa. Tem mais o sentido de novidade, de  modificar o antigo conceito, costume, método, forma de produzir, fazer ou laborar, gerando vantagens competitivas e sustentabilidade para a organização. “Inovação é a exploração com sucesso de novas idéias” (UK Innovation Report, 2003).  Como sentenciava Platão: "a necessidade é a mãe da inovação", pois normalmente é somente nesses momentos que outra forma de fazer é lembrada.

         Conhecimento é o aprendizado que se adquire pela experiência ou pela colheita de informações.

         Uma organização inovadora é aquela que entende o significado de inovar, possuindo uma dinâmica e uma  estratégia sustentável de inovação, com objetivos, medidas e métodos diferenciados dos tradicionais.

         Uma liderança inovadora é aquela que possui a exata percepção de novas oportunidades, suas qualidades e defeitos; está em aprendizado constante; tem a mente aberta às novas idéias; coragem para enfrentar novos desafios; possui uma rede sólida de relacionamentos; dá liberdade para criação e cultiva e desenvolve novos talentos.

         Numa gestão de inovação três fatores são importantes no ambiente de trabalho: o  gestor deve dar desafio e liberdade de criação; a empresa precisa dar suporte  a motivação para a criatividade, bem assim fornecer os recursos disponíveis para a criatividade, como a estrutura, dinheiro, o sistema, informações, pessoas, competências (treinamentos) , enfim, o que for necessário para essa produção.

         E para inovar continuamente, a direção de uma empresa deve estimular a criatividade, dando autonomia e liberdade de criação e os recursos disponíveis para a prática da inovação pelos colaboradores.

         A criatividade tem a ver mais com fazer de forma diferente da usual, que seja mais prático e eficaz para o desempenho de determinada atividade, prestação de serviços ou desenvolvimento de projetos, nem sempre implicando em criação de algo novo, enquanto a inovação, pressupõe a novidade, melhoramento, também com a finalidade de tornar diferente o produto, serviço ou sistema, mas em ambiente empresarial, tudo envolve a busca de redução de custos.

         São componentes necessários para a  criatividade, o conhecimento (técnico, intelectual, prático e lógico), a motivação (o profissional deve estar envolvido psicologicamente e ter interesse real pelo trabalho, curiosidade suficiente para desenvolver novo método, meio ou forma de fazer algo ou alguma coisa) e o pensamento criativo (aqui influi muito a imaginação relacionada aos foco central do problema, para saber se realmente o produto vai alcançar o objetivo).

         Como se pode resolver problemas de uma forma diferente do que se aprende?

         Não há como chegar a solução diferente se fizer da mesma forma, então, o princípio de tudo está em procurar resolver de outra forma. Para isso é preciso dar liberdade de criação e recursos aplicáveis. Como ensinava Albert Einstein "não há evidência maior de insanidade do que fazer a mesma coisa da mesma forma dia após dia e esperar por resultados diferentes".

         Quais as etapas principais de um processo criativo?

         Segundo Leonard (1999) são: preparação (exame da situação), oportunidade de criação (identificação do problema), geração de opções: divergência (busca de alternativas); incubação (elaboração) e seleção de opções: convergência (escolha da melhor alternativa).

         O comportamento de um líder define a forma como pode a inovação ocorrer, como já afirmou Peter Drucker: "um bom chefe faz com que homens comuns façam coisas incomuns".


Jonas Keiti Kondo  13/05/2016